História da Astronomia

Desde o início da civilização, o céu é olhado pelos nossos antepassados com enorme fascínio e interrogação o que permitiu, ao longo do tempo, adquirir um conhecimento que nasceu da simples observação. O Homem percebeu que alguns eventos na natureza aconteciam de uma forma constante e coincidiam com fenómenos celestes, como um conjunto de estrelas ou outros astros numa determinada posição no céu. Ao verificar esta relação, achou que poderia ser útil estabelecer determinados padrões e aplicá-los para seu benefício no dia-a-dia, como a duração dos dias e noites, qual a altura do ano mais propícia a chuvas, quando as noites eram mais iluminadas pela lua e as alturas em que o clima era mais agreste. Este conhecimento foi evoluindo e cada vez mais o Homem via vantagens em conhecer e estudar o céu e as suas movimentações. Os padrões criados transformaram-se em calendários agrícolas, de navegação, entre outros. Assim foi-se adquirindo conhecimentos cada vez mais capazes para se precaverem eventos menos favoráveis à sua existência e a capacidade de planeamento das suas atividades.

Stones of Callanish – Richard Mudhar (under the terms of the Creative Commons license)

A palavra Astronomia provém das palavras gregas astron (astro) utilizada para designar uma constelação ou grupo de estrelas e aster, usada para designar um objeto específico de forma isolada. Nos primeiros textos gregos era muitas vezes referido o estudo e observação dos astros tanto como astrologia ou astronomia, duas palavras que eram usadas para descrever a mesma coisa. Mais tarde, estes dois termos divergiram e separaram-se por completo, ficando a astrologia “responsável” pela atribuição de eventos futuros, baseada nas posições relativas de corpos celestes que podem ter influência na personalidade e destino de uma pessoa. Copérnico, Galileu e Kepler relegaram por completo o termo astrologia e reservaram a Astronomia como a Ciência que estuda a posição, movimentos e constituição dos corpos celestes.

Olhando agora para a evolução da Astronomia numa escala temporal, não podemos, indicar com precisão uma data inicial para o começo desta ciência, apenas existem evidências arqueológicas que nos mostram que já era utilizada pelos povos pré-históricos (3000 a.c.) como os Babilónicos, Assírios e Sumérios na região da Mesopotâmia (actual Iraque). Temos também os monumentos Megalíticos como Stonehenge na Inglaterra ou de Callanish na Escócia, que datam de 2500 a.c. a 1700 a.c, utilizados para estudos astronómicos mais rudimentares.

Sabe-se que a Astronomia teve alguns avanços na China, pois foram descobertos registos de anotações precisas de cometas, meteoros e meteoritos desde 700 a.c.. No entanto, muitos destes registos foram destruídos no ano de 213 a.c., pois a maior parte dos livros foram queimados por decreto Imperial.

Claudius Ptolemäus, Picture of 16th century book frontispiece – por Stahlkocher, wikipedia

Os Egípcios tiveram um papel importante relativamente à difusão do conhecimento já existente, principalmente o que já tinha sido descoberto pelos Babilónicos. O conhecimento dos céus foi de extrema importância para o Egipto, pois toda a sua economia se baseava principalmente na agricultura e a Astronomia fornecia conhecimentos fulcrais para o seu desenvolvimento.

Na Idade Média, o desenvolvimento continuou a acompanhar a crescente necessidade por parte do Homem de perceber as coisas. Entre os séculos IX e XII surgiram três grandes centros de Astronomia árabes. O primeiro centro de investigação surgiu em Bagdad onde se começou a estudar a Astronomia matemática de Ptolomeu. O segundo surgiu no Cairo onde Alhzen, um físico óptico, desenvolveu a teoria da formação da imagem no olho, estudando projecções e a refracção atmosférica. O terceiro Centro de investigação surgiu no Sul de Espanha onde se desenvolveram métodos que permitiam calcular trajectórias dos planetas. Estes três centros produziram conhecimento muito importante para mais tarde ser utilizado por muitos astrónomos europeus.Foi na Grécia, de 600 a.c. a 400 a.c., que a Astronomia sofreu avanços significativos, o pensamento que até aqui era de associar os fenómenos celeste a acontecimentos da vida quotidiana, levaram a que o Homem se interrogasse por que é que as coisas aconteciam assim, não se limitando a aceitar que as coisas simplesmente aconteciam, queria mais, queria percebê-las. Foi nesta era que grandes nomes como Tales de Mileto, Pitágoras, Aristóteles, Ptolomeu entre muitos outros Filósofos, Matemáticos e Astrónomos, “esculpiram” a Astronomia tornando-a mais parecida com a dos dias de hoje. Surgiram as primeiras ideias específicas e explicações como a curvatura da Terra, as fases da Lua eram explicadas pela iluminação do Sol, catálogos de Estrelas consoante a sua posição e brilho, entre outros grandiosos feitos.

Astronomer Copernicus, conversation with God, 1872, Jan Matejko (Pintor Polaco, 1838-1893

Na Europa, apesar do grande controlo por parte da Igreja, relativamente a pensamentos que contrariassem a teoria criacionista, surgiram grandes estudiosos que nos deixaram grandes obras, permitindo alavancar a Astronomia para outro patamar. Muitos astrónomos fizeram descobertas fantásticas nesse período, tendo em conta o conhecimento existente na época e as condições do material usado para o estudo. Nicolau Copérnico (1473-1543) apresentou o primeiro sistema heliocêntrico de forma consistente e completo. Johannes Kepler (1571-1630) descobriu as três leis que regem o movimento planetário. O estudo dos astros era cada vez maior, e o conhecimento acumulado ao longo do tempo aumentava de forma voraz. Galileu Galilei (1564-1642), tendo ouvido da existência de um instrumento para olhar à distância, sem nunca o ter visto, foi capaz de construir um que mais tarde apelidou de telescópio. Com este instrumento de observação conseguiu ver que a Lua possuía crateras e montanhas, testemunhou que Vénus tinha fases, descobriu os quatro maiores satélites de Júpiter, suspeitou que Saturno teria anéis, entre outros feitos de grande importância. Galileu foi mais tarde condenado pela Igreja, sendo obrigando a renegar as suas ideias e estudos considerados blasfémia, para poder viver, pois afirmava que o Terra girava em torno do Sol e não o contrário, como defendia a igreja. Sir Isac Newton (1642-1727) foi um dos mais importantes vultos da ciência e autor da grande obra Philosophiae Naturalis Principia Mathematica, considerada das mais influentes na área. Esta obra descreve a lei da gravitação universal e as três leis de Newton que alicerçaram a mecânica clássica. Desenvolveu o primeiro telescópio reflector e mostrou também que a luz branca era composta por várias cores do espectro visível. 

Galileu a utilizar um telescópio, circa 1620. Photo: Hulton Archive/Getty Images

Albert Einstein (1879-1955), foi um físico alemão, desenvolveu a teoria da relatividade geral que foi a generalização da Teoria da gravitação de Newton. Einstein acreditava que a mecânica Newtoniana já não era suficiente para conciliar as leis da mecânica clássica com as leis do campo electromagnetico. É o autor da equação mais famosa do mundo (E=mc2) que foi a fórmula de equivalência massa-energia.

Telescópio Hubble – NASA

Actualmente a Astronomia possui a tecnologia do seu lado, o que permite uma pesquisa, estudo e o seu desenvolvimento de uma forma muito mais rápida e eficaz. A utilização de grandes telescópios quer na superfície terrestre (ALMA) quer no espaço (Hubble), o uso de fotografias, os novos sistemas de classificação, a grande capacidade de armazenamento da informação e a facilidade de a partilhar de forma quase instantânea, permitiram uma evolução exponencial desta ciência.

Continuamos longe de muitas respostas e quando os cientistas resolvem uma questão, dessa resposta surgem novas questões. Uma coisa é certa, ninguém consegue olhar para um céu estrelado e ficar indiferente, não sentir fascínio, pela imensidão e pelos mistérios escondidos ainda por descobrir. Um espetáculo acessível a todos, basta levantar a cabeça e apreciar.